Nesse post, um convite delicado e sutil para abraçar aquilo que tanto fugimos...
Aprenda uma nova maneira de se relacionar com emoções difíceis.
Escrevi esse texto durante uma atividade expressiva com um paciente no consultório, de maneira muito livre e fluída. Aliás, muito mindful e compassivo. Estamos sempre falando sobre regulação emocional, equilíbrio emocional, e muito do meu trabalho é dedicado para isso. E mais do que um trabalho profissional, é um trabalho pessoal.
Já tem um tempo que aprendi a sentir que não existem emoções “positivas” ou “negativas”, mas o que mais faz sentido para mim é “confortáveis” ou “desconfortáveis / desafiadoras / difíceis”. Aprendi a dar espaço dentro de mim para elas coexistirem, e ao fazer isso tentar compreender as mensagens que elas podem me passar (que até o momento invariavelmente passaram por mim mesma). Quando comecei esse trabalho pessoal, não fazia a menor ideia de quão potente seria para meu autoconhecimento, e a profunda transformação que isso me traria.
E na verdade, acho injusto com meu processo dizer que “aprendi”, pois até então a minha experiência está mostrando que é algo contínuo. Um constante aprendizado, um constante caminhar e aprender, um constante errar, me perder para me achar de novo.
Nesse caminho, eis que surge esse texto, clarificando meu processo para mim mesma. Um convite muito delicado e sutil para abraçar algo que aprendi a fugir por tanto tempo – como um bom ser humano! Assim como clarificou para mim, em uma entrega muito genuína compartilho com a intenção de, quem sabe, te convidar a se abrir para o seu processo também!
Tesouro Descoberto
Mayra Machado
Oi Tristeza! Oi Angústia!
Eu te vejo!
Eu sei que estão aí...
Uma parte de vocês quer consumir minha energia.
Uma parte de vocês está com medo de estar tudo bem e sentir vazio.
Uma parte de vocês está com medo de ir embora e eu não ser mais cuidada.
Uma parte de vocês realmente sofre com a dor e a saudades.
Uma parte de vocês me aponta direções do que quero, do que é importante para mim, mas ou eu não consigo alcançar, ou não está no meu controle, ou não vou ter.
Uma parte de vocês é o apego. Querer conservar ao máximo de tempo comigo achando que vai aliviar, e esse não soltar vai realmente trazer para perto. É o não querer deixar ir e assumir que tem que deixar ir... e se abrir para o desconhecido. E então, vocês dão as mãos para o medo e insegurança, em uma dança envolvente que sequestra minha mente.
Uma parte de vocês tem medo de me deixar e eu esquecer meu caminho, minhas buscas, aquilo que sinto que devo fazer e me esforçar para. Esquecer aquilo que realmente importa.
Uma parte de vocês acredita que está me protegendo da ignorância e da ilusão.
E por mais que eu veja o quanto queria que fossem embora, o que só faz ficarem cada vez maior, ao olhar de verdade para vocês tudo que sinto é gratidão... por se preocuparem tanto comigo. Se afligirem tanto comigo. Por me mostrarem a humanidade que habita em mim.
E assim, quero dar a mão para vocês, cuidar de mim cuidado de vocês, olhar para mim indo além de vocês. E sorrio.
E assim, o universo se abre dentro de mim, desconhecido mas inteiro.
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