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Sobre o Amor e seus paradoxos

Série "Pílulas de Atenção Plena"


Neste post, vamos aprofundar sobre uma emoção que muito buscamos em nossas vidas, e paradoxalmente nos afastamos.



Você já parou para explorar como sente o amor?

É muito curioso como muitas emoções podem surgir a partir do amor. Para nomear algumas, podemos falar em alegria, afeto, vergonha, confusão, serenidade, tristeza, gratidão… O amor também tem muitas faces, muitas formas de expressar, de sentir… Será que conseguimos sentir genuinamente o amor, ou será que permanecemos apenas com essas outras emoções e sensações, confundindo com o amor?

Mais curioso ainda é o quanto falar disso sem cair no “piegas”, “músicas de sofrência” ou etc., é estranho para nossa cultura. Até mesmo as atitudes que tanto cultivamos em mindfulness e que, ao meu ver, possuem uma base importante no amor (como gentileza e aceitação), ou mesmo a habilidade de autocompaixão, são estranhas à nossa cultura. Sim, somos acostumados a ver frases do tipo “gentileza gera gentileza”, “seja gentil no trânsito”, ou coisas do gênero. Mas frequentemente não cultivamos essa atitude no dia a dia. Ela também vem acompanhada de certos julgamentos morais e importantes amarras, bloqueios que muitas vezes sequer entendemos o motivo.

Eu, particularmente, acho difícil falar sobre gentileza e não falar sobre afeto, amor e as sensações que gera. Sabe, aquele senso de carinho, de cuidado, aquele calorzinho no coração, aquele quentinho no peito que sentimos quando queremos o bem… mas queremos de verdade, como se todo o nosso corpo vivenciasse isso, vibrasse isso, de forma genuína.


É muito comum observar nos grupos que atendo, por exemplo, que ao convidar as pessoas a explorar e cultivar o amor, elas também associarem com vulnerabilidades e barreiras. Paradoxalmente, se analisarmos bem, buscamos o amor em quase todas as nossas ações do dia a dia.


Acho que muito disso acontece devido a algo bem humano, e que também é origem de muitos sofrimentos: o apego, a avidez. Amamos algo. Nos apegamos. Sentimos e gostamos da sensação. Nos apegamos novamente. Queremos mais. E nos recusamos a perceber a impermanência, aqui nesse caso principalmente dos momentos vividos que geram a emoção de amor, mas no fundo sabemos que está lá. Então, nos sentimos vulneráveis e nos fechamos para essa emoção. E assim, acabamos nos privando de sentir algo tão maravilhoso, tão verdadeiramente humano, e tão potente.


Podemos ir além. Podemos nos distrair em uma tentativa de não sentir, de não reconhecer essa busca em nossas vidas. Buscamos refúgios, buscamos as mais variadas alternativas. Também podemos “terceirizar” o amor, colocar sempre em uma fonte externa, e nunca interna. Mas, enquanto nos mantivermos fechados, sequer conseguimos perceber que o amor não é dividido e sim compartilhado... o que quero dizer com isso é que quando sentimos amor, isso não é subtraído de uma “fonte esgotável” mas pelo contrário! Quanto mais sentido e mais compartilhado, mais ele se multiplica.


E embora a gente saiba disso, e não tenha nenhuma novidade no que estou dizendo, ainda assim pautamos nossa relação com o amor como se ele fosse se esgotar.


Uma vez li de um mestre que, na verdade, nós seres humanos ainda estamos longe de descobrir e viver o amor em sua plenitude. Desconhecemos sua origem, sua forma, sua potência. Quanto mais pratico, quanto mais me permito sentir, mais percebo que isso nunca fez tanto sentido. O que na verdade me deixa bem maravilhada!


Então, quero deixar um convite para você... Observe, como se relaciona com o amor? O que te gera amor? Quanto se dedica a cultivar de verdade essa emoção em suas mais variadas formas? Quanto de suas ações são pautadas na relação que construiu com o amor?


Se quiser, podemos fazer um exercício...Tente se lembrar de alguma coisa que gera essa sensação em você. Em geral pode ser uma criança, um filhotinho de um animal, uma planta, até mesmo uma divindade se isso também despertar esse senso em você. Não importa. Vai mentalizando, trazendo a imagem dessa pessoa ou ser. E se permitindo despertar em si o senso de amor fraterno, de cuidado, de querer bem. Como você sente isso? Onde você sente isso? Explore por alguns instantes, tente ser curioso e aberto!


Muito bem, como foi essa experiência?


Caso tenha percebido alguma barreira, não se preocupe, é perfeitamente normal. Apenas se permita e deixe estar. E mantenha esse exercício com leveza, dia após dia, com a intenção de um dia - e no seu próprio tempo – ser possível se liberar das amarras que fecham o seu coração.

E quem sabe, aos pouquinhos, se dê a oportunidade saborear o amor mesmo nas situações mais simples, como em um sorriso, uma conversa amiga, um abraço, uma beleza singela da natureza, em um pôr-do-sol... E uma coisa eu te garanto, com todas as alegrias e tristezas, desafios e oportunidades que temos, estar e ser humano vai ganhar um novo significado!

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